Saturday, June 11, 2011

TRAJETO


E foi depois de transpassar o vale escuro 
da tua rejeição,
E enveredar-me nos mais longínquos desejos do corpo.
Após os ensejos de dor e escuridão...
Quando a alma desvela-se de torpor imenso...
Em intenso despertar...
Enxerguei, qual fenda minúscula de luz e afago,
Teus olhos lúgubres de menino vivaz
Estendendo-me os braços pequenos
E em seu sorriso sereno
Entreguei-me, lânguida e fria.
Jazia no meu corpo a vida perene
E em teu abraço teci meu ninho de morte
No rosto gélido, sutil alegria à má sorte
De caminhar infindas terras sem destino
E assim fazer morada acolhida em teu peito,
Despertar o espírito em teu leito
De aconchego e desatino...
De paz...



Um poema de "Leonora Guarda"

Ilustração:  um trabalho da pintora "Virgínia Paiva"

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2 Comments:

Anonymous Luiz Antonio Domingues said...

Na melancolia, desesperança e nas imagens gélidas do poema, há beleza contida.
E no anseio de um corpo quente que a acalente, faço minhas as palavras do lema de seu estado natal, ela chegará ainda que tardiamente.
Parabéns, poetisa Leonora Guarda...

8:29 PM  
Blogger Altair de Oliveira said...

Numa linguagem só aparentemente simples e desprovida de perfumarias, Leonora parece ir umedecendo seus pincéis de poesia nas cores retintas no corpo e na alma para refazer o caminho de uma pequena centelha de Deus que vai recuperando seu brilho aos poucos ao regressar à casa. Bonita de ler!

6:40 AM  

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