Thursday, December 01, 2011

EL HOMBRE IMAGINARIO



 
El hombre imaginario
vive en una mansión imaginaria
rodeada de árboles imaginarios
a la orilla de un río imaginario

De los muros que son imaginarios
penden antiguos cuadros imaginarios
irreparables grietas imaginarias
que representan hechos imaginarios
ocurridos en mundos imaginarios
en lugares y tiempos imaginarios

Todas las tardes tardes imaginarias
sube las escaleras imaginarias
y se asoma al balcón imaginario
a mirar el paisaje imaginario
que consiste en un valle imaginario
circundado de cerros imaginarios

Sombras imaginarias
vienen por el camino imaginario
entonando canciones imaginarias
a la muerte del sol imaginario
Y en las noches de luna imaginaria
sueña con la mujer imaginaria
que le brindó su amor imaginario
vuelve a sentir ese mismo dolor
ese mismo placer imaginario
y vuelve a palpitar
el corazón del hombre imaginario





Poema de Nicanor Parra, poeta chileno, vencedor do prêmio  Cervantes de 2011.
Para ver o poeta declamAndo: http://www.youtube.com/watch?v=10NobVKg7fo
Ilusrtração: foto do poeta Nicanor Parra.

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Sunday, October 16, 2011

INVICTO  (INVICTUS)


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.



Poema do inglês William E Henley




Tradução de André C S Masini
Ilustração: Prometeu Acorrentado, de Nicolas Sébastien Adam

Monday, July 11, 2011

Um Poema de NELSON ASCHER!




GATOS NÃO MORREM

 
Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso
— se somem — é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.


Poema de Neslson Ascher, In: "Parte Alguma".

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Saturday, June 11, 2011

TRAJETO


E foi depois de transpassar o vale escuro 
da tua rejeição,
E enveredar-me nos mais longínquos desejos do corpo.
Após os ensejos de dor e escuridão...
Quando a alma desvela-se de torpor imenso...
Em intenso despertar...
Enxerguei, qual fenda minúscula de luz e afago,
Teus olhos lúgubres de menino vivaz
Estendendo-me os braços pequenos
E em seu sorriso sereno
Entreguei-me, lânguida e fria.
Jazia no meu corpo a vida perene
E em teu abraço teci meu ninho de morte
No rosto gélido, sutil alegria à má sorte
De caminhar infindas terras sem destino
E assim fazer morada acolhida em teu peito,
Despertar o espírito em teu leito
De aconchego e desatino...
De paz...



Um poema de "Leonora Guarda"

Ilustração:  um trabalho da pintora "Virgínia Paiva"

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Friday, June 10, 2011

Um poema de Nercy Barbosa


desde que me sei


respostas me foram perguntas
quando juntas se confundem
quero mais do mundo 

que em mim se fixa
como invólucro

 
quando me vem do centro
sou o objeto de pesquisa
aquele que enlouquece 

um pouco o resto do que sou

 
numa cegueira que não vem dos olhos
e sim do não entender visões outras
vem de um pisar torto
como quem rompe um ligamento
e fica manco dos olhos
que o pés não têm



Poema de Nercy Luiza Barbosa

Ilustração: "  Mulher com cabeça de Flores",  de Salvador Dali.

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Sunday, October 31, 2010

Um Poema de Inês Parizoto


SINTONIA
 
Que mistérios
Guardam teus olhos
Que fixam o oriente
De algum lugar
Que parecem caminhar
Sem norte
Que pra mim se erguem
No mesmo tom
Que afina meu coração
Sem saber
Qual canção
Quer dançar?              
        


Poema da paulista Inês Parizoto.


Foto: Jogo de Dentro (1998) Paulo Vinícius e Ana Luisa Santoro

Monday, September 27, 2010

DOIS POEMAS DE MARLI SASSI!


AGORA

Te quero agora
e não pra sempre.
Quero rir sozinha.
Não quero amor,
quero paixão.
Não quero a paz.
te quero agora
e não pra sempre...

                             

Poema de Marli Sassi.

    ***

CONFISSÃO

Sob tortura
Confessei
Roubei uma estrela do céu
Guardei na caixa
e te entreguei

caixa de estrela...

  


Poema de Marli Sassi.


   ***

Ilustração: "Nu Azul", de Enrico Bianco.