Três Poemas de Wilson Nogueira!

 A presença hoje de 3 belos poemas do curitibano Wilson Nogueira para enriquecer o nosso bloguinho. O poeta, que é também professor de sociologia e filosofia e um articulador cultural da cidade de Curitiba, tem uma maneira bonita e dolorida de tecer críticas sobre a nossa forma de viver em nossas grandes cidades. Coisas do olhar dum coração sensível, eu diria, o mesmo olhar que guarda coisas que às vezes fingimos esquecer. Uma bela leitura procês!

(Rastros de Luz)

Traça no apelo do engano a rota
na reta marcha crê ser luz
e tolo tropeça na escuridão.
Entre tantas belas árvores porvir
sua falsa chama semeia incêndios
da sanguinea labareda restam cinzas
onde verdejava esperança
cinzas que nadam no azul para longe
levadas sem porto ou pouso
somem lembranças no pó
perdido na trama de uma teia
iluminada pelo sol.

                 Wilson Roberto Nogueira


       ***


Terminal


O que eu espero,
lampejos no olhar
e que ela não esteja
morta sem estar.
o desespero esquarteja
no silêncio de um olhar.
que vai embora
assim,assim devagar.
víbora lhe foi viver.
Morre agora.
Desgarra e aflora
na escuridão.

             Wilson Roberto Nogueira

    ***


Torcendo Sombras


Atravesso a rua
atravesso
atraz do vezo da trave
no olho
vejo jorrar água negra
da boca de lobo
hálito da mundana pólis
e seus filhos bastardos
tropegando donativo do cão
no lixo frente aos dentes de ouro
da afluência flotante e suas flatulências
made in Miami ou não me ame.
Molhando a sedenta mão da amoralidade
domando modos dissimulados na água pura dos alpes .

                                          Wilson Roberto Nogueira



Nota: * O nome do primeiro poema (Rastros de Luz) é apenas uma sugestão, porque este poema do Wilson não tem título.