Dois poemas de Dalva Contar.
Abrilhantando o nosso blog, a presença hoje de 2 poemas de nossa amiga poeta, escritora e artista plástica paulista Dalva Contar. Uma bela leitura e um final de semana de muita celebração para vocês!
SUSTOS
Não me assusta
o inexorável esperar do fim.
Nem toda a dor do mundo
que arde irremediável no meu peito.
Não me assusta
o passar veloz
das primaveras.
O independente tempo
de calendários solenes
sobre a mesa
e nas paredes.
Páginas que trocam de lugar
na dança de números e ponteiros.
Não, não me assusta
a máscara do espelho;
o sangue que envelhece
e contamina.
O desconhecido.
O esperado fim.
Não me assusta,
nem solidão,
nem companhia.
Nada me assusta.
Nem o impossível querer,
o sofrido amar.
A espera.
Ninguém.
Nada...
CAMINHOS
Piso sobre as pedras
e vou contando a noite.
Teço uma teia
entre a terra e o céu.
Vislumbro luzes
de estrelas próximas
e retenho o pulso
ao peito de uma fera.
Existo na manhã
que nem nasceu ainda.
E morro numa noite
mais escura
e bela.
Poemas de Dalva Contar.
Ilustrações: I- Rostos, trabalho da artista plástica Dalva Contar, II- Foto da aurora boreal.