Saturday, June 11, 2011

TRAJETO


E foi depois de transpassar o vale escuro 
da tua rejeição,
E enveredar-me nos mais longínquos desejos do corpo.
Após os ensejos de dor e escuridão...
Quando a alma desvela-se de torpor imenso...
Em intenso despertar...
Enxerguei, qual fenda minúscula de luz e afago,
Teus olhos lúgubres de menino vivaz
Estendendo-me os braços pequenos
E em seu sorriso sereno
Entreguei-me, lânguida e fria.
Jazia no meu corpo a vida perene
E em teu abraço teci meu ninho de morte
No rosto gélido, sutil alegria à má sorte
De caminhar infindas terras sem destino
E assim fazer morada acolhida em teu peito,
Despertar o espírito em teu leito
De aconchego e desatino...
De paz...



Um poema de "Leonora Guarda"

Ilustração:  um trabalho da pintora "Virgínia Paiva"

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Friday, June 10, 2011

Um poema de Nercy Barbosa


desde que me sei


respostas me foram perguntas
quando juntas se confundem
quero mais do mundo 

que em mim se fixa
como invólucro

 
quando me vem do centro
sou o objeto de pesquisa
aquele que enlouquece 

um pouco o resto do que sou

 
numa cegueira que não vem dos olhos
e sim do não entender visões outras
vem de um pisar torto
como quem rompe um ligamento
e fica manco dos olhos
que o pés não têm



Poema de Nercy Luiza Barbosa

Ilustração: "  Mulher com cabeça de Flores",  de Salvador Dali.

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